sábado, 24 de março de 2012

Morrer dá pena!...


Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças,
 porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto,
 nem conhecimento, nem sabedoria alguma 

Eclesiastes 9:10 




Ontem, Chico Anysio partiu para a dimensão dos espíritos. Que pena! Pelo menos para nós que ficaremos com a saudade do riso fácil, inteligente, sagaz e irônico.

Para ele, sigo a pista que ele mesmo deixou...

Em entrevista ao canal GNT que assisti ano passado, houve um momento que achei brilhante entre tantos: 

- Chico - perguntou a repórter que o entrevistava - você tem medo de morrer?

- Medo!... - respondeu. -  Medo não! Tenho pena! Isso mesmo... tenho pena de morrer... Pena de não brincar mais com meus netos e vê-los crescer... Pena de deixar de escrever outros livros que eu gostaria de escrever... De escrever aquela peça... aquele roteiro... Pena de deixar de criar...

Foi mais ou menos isso que ele respondeu, o que me deixou a pensar, e considerar o que há muito tempo li no Livro do Pregador transcrito em epígrafe. Sempre me inculcou esse vaticínio de cunho tão existencialista, e até determinista que se encontra por todo o Livro do Esclesiates.

Mas aí, com a resposta do Chico à difícil e inexorável pergunta com que sempre nos defrontamos, vislumbrei o significado do que diz o Pregador. Porque lá, na dimensão dos espíritos, todos os nosso projetos, planos, realizações, projeções, e tudo aquilo que chamamos de vida, e pelo que lutamos para a construção do que chamamos nós mesmos, lá tudo isso fica para trás.

Se há planos, se há projetos, se há realizações a serem alcançadas, essas já não terão semelhanças com as projeções humanas. Mas serão de outra natureza, assentadas em outro paradigma. Nada sabemos sobre o que seja espírito. Apenas especulamos, alguns postulam, outros projetam seus desejos para o além. Mas tudo não passa de uma imagem especular. Como escreveu o Apóstolo São Paulo ao coríntios:

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. 1 Coríntios 13:12 

Até lá, enquanto continuarmos nessa árdua jornada que é a vida, a existência; enquanto labutamos em construir, acumular, conhecer, estudar; enquanto o tempo escorre como areia entre nossos dedos; não deixemos de lado a Esperança. A Esperança que transcende para o além, para a dimensão dos espíritos.

Atentando para a advertência do Apóstolo que diz:

Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. 1 Coríntios 15:19 

É aqui que o sapato aperta! Como disse em um post anterior: "o danado não é viver, o danado é morrer!"


Chico, fica aqui essa singela homenagem a você. Obrigado por todo o sorriso que você me proporcionou. Até breve!

2 comentários:

  1. Olá Moacir Parabéns pela reflexão , muito bem escrita realmente o Chico Anisio foi merecedor desta homenagem. Eraldo Leite

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  2. Folgo em saber que alguém se importa quando um poeta sai de cena. Sinal de que a poesia, como a vida, vale a pena! Homenagem mais que merecida ao velho Chico!

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