A morte não respeita ninguém. Não respeita as nossas
crianças; não respeita nossos bebês; Não respeita nossos jovens e adolescentes.
A morte não respeita nossos velhos; nem nossos pais. A morte não respeita
nossos amigos ou nossos entes queridos.
A morte não respeitou nem mesmo o Cristo. O Filho do Deus
Vivo!
Ela está ai como que para nos lembrar na nossa condição
humana.
Por toda a vida, a morte passeou ao meu redor. Já perdi para
a morte amigos queridos que se foram
como que de repente, no auge de suas vidas produtivas. E não foram poucos!
Posso dizer como o poeta Cazuza: “eu vi a cara da morte e ela estava viva!” E hoje novamente sou
confrontado com a dor que a morte provoca. Uma dor que dilacera a alma, e que
me rouba a presença amada daquele que me fez nascer para a vida.
A morte teima em não respeitar ninguém, mesmo sabendo que já
foi vencida.
Mas não é da morte que eu quero falar. Quero falar da ESPERANÇA.
Mas o que é a Esperança?
Faz algum tempo, numa conversa com um amigo sobre a vida e
suas dificuldades ele me disse que o problema de muitos era a Esperança.
Intrigado perguntei o porquê.
Ele passou a discorrer sobre o mito grego da criação da
primeira mulher, Pandora.
De como Zeus, zangado com Prometeu (“o que pensa antes”) porque este havia roubado o “fogo dos deuses” e dado aos homens,
encomendara a Hefesto que criasse a mulher.
Hefesto fez do barro da terra uma linda e perfeita escultura
que apresentou aos deuses para que a dotassem de suas virtudes. Atena soprou em
suas narinas o fôlego da vida; Afrodite a encheu de graça e sensualidade;
Hermes lhe deu inteligência e sagacidade; e assim sucessivamente. Assim surgiu
Pandora.
Zeus em seu ardil quis dá-la de presente a Prometeu (“o que
pensa antes”), mas Prometeu imaginando tratar-se de uma armadilha não a
aceitou. Então Zeus a entregou a Epimeteu (“o que pensa depois”). Epimeteu
aceitou Pandora mesmo com as advertências de seu irmão Prometeu.
Mas ainda havia uma surpresa: como presente de casamento Zeus
entregou a Pandora uma caixa, com a advertência de que a caixa nunca deveria
ser aberta.
Claro que a caixa foi aberta na primeira oportunidade! Mas da
caixa aberta saíram todos os males do mundo: a mentira, a inveja, a cobiça, as
doenças, e tudo o mais que contaminaria a humanidade completando assim o plano
de vingança de Zeus.
Porém ao perceber a loucura que tinha feito Epimeteu
rapidamente fechou a caixa, e assim ainda ficou lá dentro a Esperança.
Como a Esperança ficou retida na caixa, completou meu amigo,
a humanidade pode evoluir e se desenvolver. Pois apesar de todos os males, sem
a Esperança, os homens puderam progredir. Porque a Esperança se tivesse sido
libertada, contaminaria os homens com o conformismo e lhes tiraria o espírito
empreendedor.
Fiquei então pensando... É! O mundo não tem Esperança mesmo! Ah!
Então é isso! É como se Cristo tivesse metido a mão na caixa de Pandora. E lá
de dentro arrancou para fora a Esperança. E nas mãos de Jesus a Esperança
tornou-se uma grande virtude:
“o mistério que esteve oculto dos
séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus
quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os
gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória;” - Colossenses 1:26-27
E é na certeza desta Esperança que contemplo hoje não apenas
a dor da morte do meu querido pai, mas a Esperança estampada no que foi a sua
vida. Sempre confiante na Esperança do evangelho que viveu, bem que ele poderia
ser chamado de ABRAÃO (“Avraham”), o Pai de Muitos”. Pois pelo Poder de Deus
manifesto em sua existência, em sua vida, muitos puderam se achegar como Filhos
do Pai Eterno, na Esperança da Redenção em Cristo Jesus.
E para a Honra e Glória de Jesus Cristo, e retendo na memória
a mensagem pregada pelo Reverendo José Faustino dos Santos em seu ministério,
“retenhamos inabalável
a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa;” Hebreus 10:23
“Porque, quando Deus
fez a promessa a Abraão, visto que não tinha outro maior por quem jurar, jurou
por si mesmo,” Hebreus 6:13
Até breve, papai.
MARANATA!
Ora, vem, Senhor Jesus!
19/05/2014
Moacir (Do tupi mbo'a'su
ira, “o que vem da dor” ou “o que faz doer”)